Pensamentos e Ideias

segunda-feira, maio 08, 2006

O Novo Mundo

Na passada semana tive o prazer de ir ver o filme "O Novo Mundo" de Terence Malick. Este filme, que não é concerteza um filme "pipoca", leva-nos a reflectir sobre várias questões, nomeadamente, sobre a sociedade dos nativos (selvagens como eram conhecidos) por comparação com a sociedade ocidental, dita evoluída, da época.
Pelo que podemos ver no filme, a sociedade dos nativos, em termos humanos, era mais evluída do que a dos colonos. Os nativos viviam em harmonia com a natureza, sem a destruir. Os colonos, quando chegavam a uma terra nova, a primeira coisa que faziam era destruí-la.
Um outro aspecto que me impressionou bastante, foi verificar que a sociedade europeia da época, estava completamente minada pelo preconceito, inveja, ciúme e outros atributos menos abonatórios. Por incrível que pareça e na minha opinião, o que contribuiu para esta situação foi, precisamente, a religião. Criou mistérios, monstros, medos, ignorância e preconceitos na cabeça das pessoas. Precisamente o contrário daquilo que deveria fazer. Os nativos (os tais intitulados de selvagens) tinham uma sociedade completamente diferente. Não era rica materialmente mas também não precisavam dessa riqueza. A cena do regresso do Capitão Smith à colónia, depois de ter estado a viver algum tempo com os nativos é exemplificativa do contraste das duas sociedades. Uma, a nativa, sem grandes bens materiais mas humanamente mais evoluída. A outra, perfeitamente demonstrada pelo abrir de portões da paliçada, moralmente decadente.
Algo interessante é verificar que os nativos não tinham o sentimento de posse nem sequer a noção de propriedade individual. Como sabem, essas são duas características da nossa sociedade, mesmo da actual, que mais problemas nos trazem.
Ao pensar em todas as diferenças que atrás relatei, coloquei a mim próprio a seguinte questão:
Onde encaixam os nativos na história da criação conforme é contada pelos povos ocidentais?
Será preciso, concerteza, uma resposta muito rebuscada para que os consigamos encaixar na história da criação. Ou então, a história terá de ser outra.
Não gostaria de terminar sem falar um pouco sobre o trabalho do realizador. A história está muito bem contada, com poucas palavras mas como imagens e música que falam por si, numa sequência fantástica e esclarecedora. Exemplo disso é a sequência final, após a morte da princesa: a água, o céu, a terra, aquilo que, de facto era mais importante para eles e a quem eles agradeciam todos os dias. Vale a pena ver e reflectir, quanto mais não seja, para começarmos a olhar para a natureza como algo de que precisamos para a nossa sobrevivência e para verificarmos que a ignorância precisa de ser banida da face da terra.

sábado, abril 22, 2006

A Lei da Paridade


Na passada quinta-feira, dia 20 de Abril, o parlamento aprovou a chamada Lei da Paridade que estabelece quotas para as mulheres no acesso a lugares nas listas dos partidos para as eleições à Assembleia da República. Na minha opinião, a necessidade de se estabelecer quotas seja lá para o que for, significa que estamos perante uma sociedade "terceiro-mundista". Verdadeiramente, o que deveria acontecer, é que o elemento principal na avaliação das pessoas deveria ser a sua competência para exercer determinada função e não o seu sexo, raça, religião, ou qualquer outra característica. Sendo assim, resta-me perguntar se será a nossa sociedade, como um todo, "terceiro-mundista" ou, pelo contrário, se será somente a sociedade parlamentar que o é. Creio que estamos perante uma sociedade parlamentar ou, talvez seja mais correcto dizê-lo, sociedade partidária, "terceiro-mundista". Isto porque tenho verificado que noutras áreas, como por exemplo, no acesso à profissão de piloto da aviação civil, as mulheres têm acesso e batem-se de igual para igual com os homens, valendo-se valer somente da sua competência para a função (algo que o fazem com inegável valor e qualidade).
Sendo assim, resta-me pensar que o problema está nos aparelhos partidários e, talvez, numa certa luta ideológica entre a esquerda e a direita e que, de forma alguma, são representativos do resto da sociedade.
Seria muito mais importante criar quotas para que outras minorias pudessem ter acesso a lugares ilegíveis no parlamento. Já experimentaram olhar para a composição do parlamento sem ser somente em termos de homens e mulheres? E no que diz respeito às raças, onde está a diversidade?
Convinha, senhores deputados, não transformar isto numa questão ideológica esquerda-direita nem numa questão entre homens-mulheres. Isso não corresponde ao que existe na "verdadeira" sociedade. Preocupem-se, isso sim, em que os deputados eleitos tenham competência e possam prestar contas perante os eleitores que, de facto, os elegeram. O sistema actual não funciona porque, sejam homens ou mulheres, o que define o acesso às listas é o "compadrio" existente. Alterem o sistema eleitoral: eu quero conhecer as pessoas em quem votei na minha região e quero questioná-las, directamente, pelo trabalho que desempenham em minha representação. Sejam homens ou mulheres, tanto me faz. O que me interessa, isso sim, é que façam um bom trabalho e me representem condignamente. Algo que hoje em dia não acontece.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Paz e Organizações Religiosas



Antes de escrever este meu comentário, convém esclarecer os meus potenciais leitores de que sou cristão, não-católico e de que, a mensagem de Cristo e de outros grandes homens (tal como Ghandi, por exemplo), tem um grande significado para mim desde a minha infância. Agora que tenho 41 anos de idade e alguma experiência de vida, cheguei à conclusão de que o mundo só encontrará paz, quando as organizações religiosas deixarem de existir. Reparem que me refiro, propositadamente, às organizações religiosas e não às religiões. No meu entender existe uma grande diferença entre religião e organizações religiosas. A primeira, poderá ter um papel muito importante no que diz respeito a levar a paz ao mundo. Se for sentida por quem a pratica, como um modelo de vida pessoal, onde o respeito por todos os seres vivos é uma constante, então, será, sem dúvida, uma mais valia para o mundo poder viver em paz. Pelo contrário, as organizações religiosas são, no meu entender, o grande entrave para a paz no mundo. As organizações religiosas podem ter começado em pessoas que eram religiosas e podem, até, conter no seu seio pessoas religiosas. No entanto, haverá uma altura em que a sobrevivência da organização religiosa passará a ser mais importante do que a sua doutrina. A organização começa a ter vida própria. Começa a existir muita gente que não conhece outro tipo de vida que não aquele que a organização lhe proporciona. Começam a existir carreiras profissionais dentro dessas organizações. A sua influência, enquanto organização, começa a ser mais importante do que os seus próprios membros. Isto acontece em organizações religiosas de todo o mundo.
O ser humano só será verdadeiramente livre quando as organizações religiosas deixarem de existir. Essa será a próxima grande evolução do homem: libertar-se das correntes que essas organizações teimam em colocar à sua volta.