Pensamentos e Ideias

sábado, abril 22, 2006

A Lei da Paridade


Na passada quinta-feira, dia 20 de Abril, o parlamento aprovou a chamada Lei da Paridade que estabelece quotas para as mulheres no acesso a lugares nas listas dos partidos para as eleições à Assembleia da República. Na minha opinião, a necessidade de se estabelecer quotas seja lá para o que for, significa que estamos perante uma sociedade "terceiro-mundista". Verdadeiramente, o que deveria acontecer, é que o elemento principal na avaliação das pessoas deveria ser a sua competência para exercer determinada função e não o seu sexo, raça, religião, ou qualquer outra característica. Sendo assim, resta-me perguntar se será a nossa sociedade, como um todo, "terceiro-mundista" ou, pelo contrário, se será somente a sociedade parlamentar que o é. Creio que estamos perante uma sociedade parlamentar ou, talvez seja mais correcto dizê-lo, sociedade partidária, "terceiro-mundista". Isto porque tenho verificado que noutras áreas, como por exemplo, no acesso à profissão de piloto da aviação civil, as mulheres têm acesso e batem-se de igual para igual com os homens, valendo-se valer somente da sua competência para a função (algo que o fazem com inegável valor e qualidade).
Sendo assim, resta-me pensar que o problema está nos aparelhos partidários e, talvez, numa certa luta ideológica entre a esquerda e a direita e que, de forma alguma, são representativos do resto da sociedade.
Seria muito mais importante criar quotas para que outras minorias pudessem ter acesso a lugares ilegíveis no parlamento. Já experimentaram olhar para a composição do parlamento sem ser somente em termos de homens e mulheres? E no que diz respeito às raças, onde está a diversidade?
Convinha, senhores deputados, não transformar isto numa questão ideológica esquerda-direita nem numa questão entre homens-mulheres. Isso não corresponde ao que existe na "verdadeira" sociedade. Preocupem-se, isso sim, em que os deputados eleitos tenham competência e possam prestar contas perante os eleitores que, de facto, os elegeram. O sistema actual não funciona porque, sejam homens ou mulheres, o que define o acesso às listas é o "compadrio" existente. Alterem o sistema eleitoral: eu quero conhecer as pessoas em quem votei na minha região e quero questioná-las, directamente, pelo trabalho que desempenham em minha representação. Sejam homens ou mulheres, tanto me faz. O que me interessa, isso sim, é que façam um bom trabalho e me representem condignamente. Algo que hoje em dia não acontece.